O caso East Los High: quando uma produtora de conteúdo se comporta como uma agência de comunicação.

############ (MAIS UM) CONTEÚDO EXCLUSIVO ##########




Esta semana, começou o Rio Content Marketing - o maior evento de conteúdo audiovisual da América Latina. Ontem, como aquecimento para o evento, rolou o lançamento da Escola de Séries, uma parceria entre a ESPM, o Sebrae e a RioFilme para o fomento da criação e da produção de séries no Rio de Janeiro (http://escoladeseries.com.br/).


Entre esbarrões com representantes de praticamente todas as produtoras cariocas de audiovisual, palestras de agentes e roteiristas de Hollywood e um bolo do M. Night Shyamalan, nossos enviados exclusivos (no caso, eu) conheceram uma história bem interessante.



A população latina é a que mais cresce nos EUA. Atualmente, são mais de 50 milhões de hispânicos. Ou seja, 1 em cada 6 americanos, de acordo com o censo de 2010. Estudos apontam que, até 2050, os "brancos nativos" serão minoria nos Estados Unidos e, dizem, vai chegar uma hora em que o espanhol será língua oficial do país.

Mesmo assim, diante desse protagonismo cada vez maior na sociedade americana (quem foi que elegeu o Obama mesmo?), os latinos ainda são, no cinema e na TV, estereotipados como motoristas, caseiros, empregadas domésticas, traficantes de drogas, membros de gangues ou prostitutas. 


O jovem latino dos EUA não se reconhece no conteúdo audiovisual que ele mesmo consome. De um lado, estão os enlatados mexicanos que ele assiste com os pais ou avós. Do outro lado, estão as séries e filmes americanos que os estereotipam. Mas o jovem latino americano é... americano! É o jovem que fala inglês e vive o amarican way of life, como todo jovem.

Mas eles também tem seus próprios problemas. Um deles, em especial, chega a ser alarmante: praticamente metade das jovens latinas nos EUA, com menos de 20 anos, já são mães ou estão grávidas.     



Diante deste "briefing social", a produtora de conteúdo Os Alquimistas/The Alchemists (http://www.thealchemists.com/), com sedes no Rio de Janeiro e em Los Angeles, desenvolveu, em parceria com diversas fundações e ONGs americanas dirigidas aos jovens, a série "East Los High". 


Já em sua terceira temporada, trata-se da primeira série na história americana feita especialmente para os jovens latinos dos EUA, em inglês. "East Los High" foi escolhida pelo jornal LA Times como a melhor série do verão americano e ainda abocanhou um leão de branded content no festival de criatividade de Cannes, considerando as fundações que co-produziram a série como clientes.  
  
Com personagens fortes e uma trama que fala muito sobre sexo, aborto, drogas e outros tabus da juventude, a série é exibida no Hulu (plataforma on demand que é o concorrente americano do Netflix), mas é amplificada por meio de um conjunto integrado de ferramentas multiplataforma (http://eastloshigh.com/).


A série conquistou, além de muitos fãs, resultados expressivos para as marcas parceiras. Através de dados e depoimentos, os produtores já tiveram o retorno de que o número de abortos e de gravidez na adolescência diminuiu em algumas comunidades, bem como que muitos jovens, motivados pela série, fizeram pela primeira vez exames de HIV ou procuraram conselhos médicos sobre métodos contraceptivos.

Às vezes, a melhor maneira de dialogar com um público não é por meio de uma ação publicitária tradicional ou de uma campanha de incentivo. Muitas vezes, a solução está no puro entretenimento. Taí uma coisa em que eu acredito. E muito.